terça-feira, 28 de agosto de 2007

DESCUBRA AS DIFERENÇAS


Grande Hotel é o ícone incontornável da Beira, o seu elefante branco herdado, a ponte entre os sonhos de megalómanos da época colonial e a ilha de pobreza contemporânea, onde se acotovelam 2000 almas à espera de uma solução de tarda em chegar. A edilidade não tem músculo para arcar com as responsabilidades da remoção, os hóspedes compulsivos só saem se houver indemnização palpável. A reportagem do SAVANA foi ao hotel e revisitou as suas memórias.Texto e fotos de Paola Rolletta*1959. A Maria lembra-se perfeitamente de quando ia ao cabeleireiro à beira da piscina no Grande Hotel da Beira. Depois da “mise”, um refresco no café e uma volta na Boutique Lara, para dar uma vista de olhos nas roupas e saber do próximo desfile de modelos.2005. A Ana faz as trancinhas à sua amiga Lorena, no corredor do segundo andar do Grande Hotel sem luz e sem água. A mãe olha à distância enquanto prepara xima num fogão improvisado directamente no chão.Era uma vez um Grande Hotel pode bem ser o título de uma história verdadeira que aconteceu nos anos 50 na Beira, em Moçambique. A Beira foi um porto de mar que à pressa e sem planificação acabou por ser cidade. Uma cidade em cima de um pântano, vivendo da prestação de serviços à Federação das Rodésias e Niassalândia, e do Zimbabwe depois.